Viajamos uma semana anterior ao início dos jogos Olímpicos que seriam realizados na cidade de Chengdu (China). Na conexão, fomos para Paris, onde pegamos outros voos com destino à Pequim. Queríamos conhecer a muralha da China e um pouco da cultura Chinesa. Em seguida, fomos para cidade de Xian de trem bala e nos maravilhamos com os soldados de Terracota e palácios esplêndidos da Cidade Proibida. De lá pegamos outro trem bala para a Cidade de Chengdu, onde seriam realizados o World Police Fire Games. Ao chegar à estação, um grupo de voluntários chineses nos receberam com abraços nos desejando boas-vindas. Alguns falavam inglês, o que foi de grande auxílio para os colegas que compreendiam. Eu, colocava no Google tradutor e na linguagem da mímica, conseguia me comunicar, com muito riso e simpatia de nossos recém amigos.
Eles nos levaram ao centro de triagem onde nos apresentamos e nos entregaram os crachás e identificações. Tiramos nossa carteira de motorista chinesa, mais um dos tantos mimos ofertados pelo comitê dos jogos, além de chips para os celulares, água e apoio. No celular, para uso do chip, só tínhamos todos que instalar um aplicativo para poder nos comunicar com os familiares no Brasil, uma vez que a internet chinesa tem restrições, sendo bloqueado alguns aplicativos.
Os chineses demonstraram em todo período de estadia muito receptivos e amáveis com todos nós da delegação. Estávamos em 50 associados entre atletas policiais e vários populares nos paravam nas ruas sempre para pedir fotos ao lado deles, as crianças sorriam, os adultos nos cumprimentavam. Nos shoppings, faziam questão de dar informações sempre solícitos. Apesar de toda assistência do governo do comitê olímpico, nos proporcionando inclusive uso ilimitado e gratuito no metrô, assim como os benefícios já citados, passamos todos pelo choque de temperatura com a alimentação e o enorme calor, fruto do crescimento desenfreado e poluição atmosférica.
Como cearenses, povo batalhador, resistente, ir para a China fez com que fôssemos mais fortes do que pensávamos. Entendo isso de modo particular e coletivo. Interpreto tudo foi superado pelo carinho e amor dos chineses para com todos nós.
Diante de toda a experiência destes dias intensos, posso destacar que a poluição no ar de Pequim é terrível, a riqueza de Xian é majestosa. Chengdu além de linda rica e populosa, tem muito amor nos rostos de quem por lá mora. Há um céu e um inferno em todo lugar, o que muda na vida são as pessoas.
Além disso, posso dizer que participar dessa Olimpíada fez com que despertasse a vontade de me cuidar, alimentar melhor, fazer atividade física e enfim, de zelar pela saúde. Encontrar policiais saudáveis que praticam esporte assim como policiais aposentados em plena atividade, fez com que renascesse em mim a vontade de viver com maior qualidade de vida. Lembrei dos tempos que me dedicava na polícia ao atletismo, à natação e mesmo com as medalhas perdidas daqueles tempos, pois meus filhos adoravam brincar com elas… mesmo com isso na memória eu fui uma campeã. E agora, mais de 20 anos depois, eu consegui uma medalha. Bronze, mais que justo, para mostrar que eu podia, diante de todos desafios, de muito tempo longe das pistas…
Ali, naquele momento em que deram o start, eu lembrei do meu pai na prova física da Polícia Federal. Eu, com 19 anos e todo sofrimento passado no Crato, ele gritando: corre Tania, corre! E eu com a voz dele no meu ouvido, corri o que pude com a sede de vitória em minha respiração e em meu coração. Independente das minhas limitações naquele dia em Chengdu a policial em mim voltou a viver, com a garra e a lembrança de uma profissão amada, de que nós todos não podemos deixar de correr atrás de nossos sonhos. Estarei nas próximas Olimpíadas, se Deus quiser.
Roterdam na Holanda em 2021 e Canadá em 2023, me aguardem.
Por Tânia Monteiro Brito
Agente de Polícia Federal
Fonte: ANSEF/SC