Por Abílio Lourenço Martins
A vida, essa dádiva que Deus nos deu, é repleta das mais incertas surpresas. E tinha que ser, pois, ao contrário, seria demasiadamente monótona. Trazemos conosco um fardo natural de trabalho, sofrimentos e decepções que, naturalmente, é compensado pelas alegrias, realizações e gratidões.
Cabe a cada um de nós, dentro do livre arbítrio, aceitar os desígnios que a vida nos impõe.
As dores que nos afligem, por exemplo, são pessoais e incertas. Em uns mais, em outros menos. Entretanto, para cada uma dessas agonias a adiantada medicina prescreve medicamentos que sustam, definitiva ou temporariamente, esses sofrimentos.
Todavia, existe aquela dor que a medicina, na sua mais expressiva grandeza, jamais será capaz de repará-la. Refiro-me a dor que se manifesta do âmago da nossa alma, do coração. Ah! Essa dor é tamanha e dolorida! Aparece-nos repentinamente e, às vezes nos marca para toda a vida. É a dor da perda de um filho, dos pais, de um amor ou de um amigo.
Hoje, na missa, encontrava-se na fila, à minha frente, uma senhora. Por ocasião dos cumprimentos de paz percebi no rosto daquela mulher sexagenária uma expressão latente de sofrimento e tristeza. Essa impressão foi ratificada quando durante a comunhão, enquanto ROBSON ALEXANDRE cantava “MÉDICO DOS MÉDICOS” a senhora, a qual me refiro, chorava copiosamente. Percebia-se, claramente, tratar-se de uma dor irreparável. E nós, seus vizinhos, sofríamos contagiados em razão do seu sofrimento.
Minha senhora: por tratar-se de uma dor incurável inexistem medicamentos para indicá-la, nem tampouco palavras para confortá-la. Mas, parece-me que o único remédio que posso lhe indicar está bem próximo, no altar, olhando para ti.
Abilio, 23 nov 2009.