O Globo

Por Abilio Lourenço Martins

 

Os senhores já presenciaram a maneira voraz com que cães famintos disputam um pedaço de carne?
Pois é mais ou menos o que ocorre com a maioria dos nossos deputados sejam eles estaduais ou federais brigando por um pedaço do bolo do orçamento. A impunidade e a ineficiência dos órgãos fiscalizadores contribuem, sobremodo, para essa prática horrenda desses parlamentares famulentos. Ainda: Essas Emendas Parlamentares são concedidas, na maioria, sem nenhum critério, sem um projeto sério que a justifique. São, na verdade, uma “dádiva” para corruptos e corruptores.


Lembram-se dos “Anões do Orçamento”, “Quadrilha das Ambulâncias”, “Mensalão” e dezenas de outros escândalos? São alguns dos crimes praticados por quadrilhas transvestidas de parlamentares. É o nosso dinheiro esvaindo-se pelo ralo.
Geralmente essa prática abominável tem por finalidade captar apoio político beneficiando o município A, B ou C na construção de uma “Ponte Molhada”, de um Ginásio Coberto”, reforma de uma praça, etc..etc...
O recurso quando aprovado e antes de chegar ao destino final é, de praxe, rateado percentualmente com aqueles que contribuíram para o seu “êxito”. Dez a quinze por cento para o deputado X (Federal), outro percentual para o deputado y (estadual) e só depois chega ao cofre municipal.
Aí vem o pior. Quando a obra é realizada, pois nem isso às vezes acontece, o seu custo não ultrapassa, sequer, a metade recebida. Ela é superfaturada, de péssima qualidade, descartável e sem qualquer duração.
Chega, por fim, o dia da inauguração. Ah! É só festa!
São convidados os parlamentares pelos “relevantes serviços prestados ao município”, contrata-se uma banda, superfaturada, claro, e vamos para a praça.
Num palco gigantesco repleto de políticos e pelegos e, após os incansáveis e demagógicos discursos o povo induzido e ignorante grita delirantemente: Viva! Viva!
Depois do “teatro” retiram-se os “atores” para a comemoração.
Uísque, churrasco, risos...
É, infelizmente, a realidade da nossa política e dos nossos políticos. Até quando, não sabemos.
Observação:
Artigo escrito em Maio de 2006.