Por Abílio Lourenço Martins
Antes de tratar do tema “Bolsa Família” irei ilustrá-lo com duas pequenas histórias.
1. Certo dia, Pedro Trindade, um homem político e caridoso ganhou um premio na loteria. Tornou-se rico. Sem nenhuma visão empresarial passou a distribuir dinheiro para os familiares e para as pessoas mais próximas e necessitadas. Estes passaram a viver melhor na sombra do amigo milionário. Os comerciantes que faziam parte do seu círculo de amizade foram, também, beneficiados com empréstimos em longo prazo e juros baixíssimos. E muitos deles, em razão da amizade, foram agraciados com a anistia.
Pedro Trindade era tido e reconhecido como o pai dos pobres.
O tempo foi passando e com ele a redução da gordura monetária adquirida, até que um dia o velho Pedro, sem recursos, ficou impossibilitado de distribuir os auxílios costumeiros e já arraigados na vida diária de cada um daqueles moradores.
O resultado foi o esperado: Voltaram todos à miséria com exceção dos seus “amigos” inescrupulosos que usaram desvairadamente o dinheiro recebido na aquisição de bens materiais tais como casas e carros luxuosos, fazendas etc.
2. O mesmo prêmio foi recebido por um pequeno empresário da cidade. Este, de imediato, colocou os seus filhos no colégio, desenvolveu o seu comércio, abriu outros, criou indústrias, abriu algumas estradas para o escoamento sempre crescente dos seus produtos, resultando no emprego de milhares de moradores da cidade.
O resultado foi o crescimento da região, a redução do desemprego, a melhora na qualidade de vida e o bem-estar da população.
Bolsa Família
Com argumentos concretos podemos, com razão, contestar a política heterodoxa praticada na gestão da presidente Dilma, assim como, sem medo, criticar a pífia e perigosa política externa da sua gestão. Mas, convenhamos: Se não fora a política de inclusão social, assistencialista ou populista ou o que seja, hoje as grandes cidades nordestinas estariam invadidas pelo flagelo, assim como ocorreu há vinte e alguns anos. É fato.
Acontece que essa política do programa bolsa-família, além da existência latente do assistencialismo e do populismo eleitoral é perigosa por não existir a contrapartida do trabalho e, por conseguinte, a produtividade.
O Brasil, hoje, graças as reservas acumuladas nas exportações de commodities para a China, principalmente, possui, ainda, aproximadamente US$200 bilhões, mas que estará se esvaindo dentro de dois anos conforme prenuncia alguns analistas econômicos.
E aí? Como ficarão as famílias do bolsa-família? Como ficará o governo?
A política da presidente Dilma foi errônea. Conseguiu, sem dúvida, tirar milhares de famílias temporariamente da miséria. Tornou-se a mãe dos pobres. Ganhou a eleição. Apostou no consumo ao invés de ter aplicado as suas fichas no apoio ao desenvolvimento das indústrias e da infraestrutura. O consumo é consequência. As indústrias estão, coitadas, passando por um momento jamais visto, exceção daquelas que foram aquinhoadas com bilhões de recursos extraídos dos nossos bolsos tendo como intermediário o bondoso Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES.
Concluindo: Se hoje eu tivesse de optar sobre o programa Bolsa família votaria incontinenti a favor em razão da precariedade e da necessidade premente que passa, no momento, o nosso sertanejo. Mas, presidente Dilma: reveja. Existe um caminho mais direcionado para o correto. Que o siga no futuro.
Aliás, aprendi que para ser um bom administrador, seja em que área for, não convém ser bonzinho; necessário que seja honesto e sensato consigo, e, principalmente, obediente aos princípios da administração pública.
Abilio, 8 jan 2015.